"O Chamado da Terra"
No meio do verão, quando os campos ficam dourados, Gaia se despe de suas roupas coloridas (como o céu, o mar e as florestas), retira as estrelas e flores dos seus cabelos. Assim, despojada de seus atributos e de toda a natureza de sua superfície, veste-se com escuros véus do seu interior ctônico e sai com seu neto Bóreas, o selvagem e gelado setentrião, para segar sua criação.É chegada a hora da colheita. O sopro frio e cortante do vento norte faz com que todos se recolham e um gélido arrepio percorre a espinha daqueles que ainda sentem a Deusa caminhando sobre o chão. A boa e doce Mãe se transforma na ceifeira e com sua foice derruba aqueles que se exaltam além do que deveriam. Todos aqueles que se julgam seguros e firmes em suas posições despencam no vórtice da vida. Tique (a Fortuna), a malabarista cega, joga para o alto os malabares enquanto aqueles que voavam no alto descem atraídos pela intensa gravidade. Nenhum ser, sejam deuses ou homens, pode fugir das artes de Tique, pois ela é parte de Gaia e sua força que move o mundo.Há milênios acreditamos que a Terra pertence aos humanos e, como senhores da natureza, fazemos o que queremos sem que isto nos seja cobrado. Porém, no meio do verão, quando os campos estão maduros, chegam os ventos que sinalizam que é hora da colheita. Aí colhemos o que plantamos, tanto individualmente quanto como espécie. E como diz o dito popular: Quem semeia ventos colhe tempestades.
Que a Deusa nos sorria.
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